Campus Muzambinho realiza evento para inclusão de pessoas com deficiência
No mês de setembro azul são comemoradas vitórias e conquistas da comunidade surda já que no dia 26 de setembro é celebrado o Dia Nacional do Surdo (Lei Nº 11.796 de 29 de Outubro de 2008) e também ocorreu a fundação da primeira escola de surdos no Brasil. Ainda neste mês, no dia 30, temos o Dia Internacional do Surdo e o Dia do Profissional Tradutor.
Um mês tão simbólico para comunidade surda não podia deixar de ter uma série de eventos que valorizassem tais conquistas e demonstrassem a importância da inclusão dessas pessoas.
Com esse pensamento surgiu o evento Setembro azul do Campus Muzambinho, organizado pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas – NAPNE, no qual foram ofertadas palestras por duas pessoas com deficiência de surdez: a docente da Universidade Federal de Alfenas, Thaís Magalhães Abreu que também mestranda em Educação Especial e possui graduação em Letras Libras e Design Gráfico; e o docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Renan de Bastos Andrade, que também é licenciado e bacharel em artes visuais, especialista em educação bilíngue para surdos e proficiente no uso e ensino da libras.
O evento ainda contou com a tradução simultânea em libras realizada pelo intérprete do Campus Muzambinho, Juliano Gustavo Vieira Strabeli e pela intérprete do Campus Passos, Karoline Nascimento.
Segundo Juliano, “qualquer tipo de discussão sobre inclusão social é importante. A surdez no Brasil ainda é um grande desafio, tanto que foi o tema da redação do ENEM em 2017. Na ocasião os alunos tiveram que elaborar um texto sobre “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Segundo dados do próprio governo federal, existem no país mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, 20% são completamente surdos”.
A intérprete Karoline ainda citou que eventos como esse são necessários pois dão visibilidade aos surdos. “No evento eles tiveram a oportunidade de contar um pouco de suas histórias, como é a cultura surda e que apesar dos muitos desafios enfrentados não desistiram, conseguiram se formar e hoje ambos são palestrantes surdos, estão prestes a concluir o mestrado e são professores universitários. Tudo isso surpreendeu os espectadores que ainda não tinham noção dos desafios e da capacidade da pessoa surda. Assim acredito que o evento foi de estrema importância tanto para os palestrantes, como para o público que certamente mudaram sua visão sobre a pessoa surda”.
Transmitido pela internet, o evento contou com a participação de aproximadamente 110 pessoas e foi mediado pela coordenadora do NAPNE, Ieda Mayumi Sabino Kawashita.
Segundo Ieda, esse tipo de evento é importante porque “a inclusão é uma construção coletiva, neste sentido toda a comunidade deve participar e cada um tem o seu papel. O NAPNE tem um papel importante, pois é o núcleo que "organiza" os processos de inclusão. Uma das ações que compete ao NAPNE é a discussão com a comunidade sobre as temáticas que envolvem as pessoas com deficiência, possibilitando que este público seja ouvido, no sentido de podermos conhece-los, compreender suas necessidades e contribuir para a inclusão”.
Também participaram da iniciativa a pedagoga Giovanna Carvas, a psicóloga Grasiane Cristina da Silva e as professoras do AEE, Roana Rios Magri, Joyce Luz e Alexssandra Santos.
De acordo com Giovanna, “abrir espaço, dar voz e vez a pessoa com deficiência para que ela mesma traga a tona questões que permeiam sua vivencia é fundamental para que possamos avançar como comunidade e como instituição nas práticas inclusivas. Momentos como esse nos fazem acreditar que é possível viver em um mundo mais justo em oportunidades e experiências”.
Os surdos do Brasil
Segundo um estudo criado pelo Instituto Locomotiva (2019) há, no Brasil, cerca de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva sendo que, desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa.
Falando um pouco sobre a situação dos surdos em nosso país, o intérprete do Campus Muzambinho, Juliano Gustavo Vieira Strabeli ressaltou que “no Brasil temos milhares de pessoas surdas, mas o grande número parece não ser o suficiente para alterar a realidade que vivemos em nosso país. Não há o mínimo de preocupação, em pleno século 21, das escolas brasileiras oferecerem uma educação inclusiva ou ainda das empresas em oferecerem uma chance de trabalho para os surdos e assim, então, essas pessoas acabam sendo vítimas do preconceito e da exclusão”.
Juliano ainda disse que uma forma de derrubar essa barreira enfrentada pelo surdos é a língua de sinais ou libras. “A Lei nº 10.436 tornou a Língua Brasileira de Sinais a segunda língua oficial do país, além disso, os órgãos públicos e empresas vinculadas ao governo tem por obrigação ajudar na inclusão dos surdos e na popularização das libras. A Língua Brasileira de Sinais, infelizmente, ainda é desconhecida para a maioria dos brasileiros. Mesmo sendo a segunda língua oficial do nosso país, as libras são quase desconhecidas para muitos brasileiros. É difícil encontrar empresas que tenham em seu quadro de funcionários alguma pessoa surda, além disso, não existe a preocupação de oferecer treinamentos para ensinar aos empregados a língua dos sinais. Devido a isso, se um dia um surdo for até essa empresa, não terá como ser atendido. Já tivemos muitas conquistas, mas, ainda existe um caminho logo para alcançarmos a igualdade.
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