O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) desenvolve projeto sobre inclusão no Campus Muzambinho
O programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), oferece a oportunidade aos acadêmicos dos cursos de licenciaturas realizarem o primeiro contato com a sala de aula, através da aplicação de aulas, pesquisas e jogos lúdicos nas escolas públicas parceiras para alunos da educação básica. O principal objetivo do programa é obter conhecimento, domínio da prática docente, realizar trocas de experiências e formar bons profissionais na área da educação. Diante desse contexto, ser professor é lidar com experiências diferentes de cada aluno, e, para tanto, é preciso conhecer quais são as necessidades educacionais do indivíduo, a fim de que se possa propor um planejamento de ensino no qual todos possam aprender juntos.
O professor precisa identificar em sala de aula quais métodos os alunos têm mais facilidades, seja ele auditivo, visual, jogos e brincadeiras. A partir desse entendimento poderá fazer o seu planejamento e promover as atividades educacionais com sucesso. O professor bem preparado, não terá insegurança e saberá lidar com as mais diversas situações, sem sair de seu foco de mediador do conhecimento. Como o ambiente escolar é um local que os alunos passam grande parte do seu tempo, este espaço deve ser de acolhimento e inclusão, e não de exclusão e preconceitos.
Diante dessa perspectiva, da possibilidade de experimentação que o Pibid proporciona aos acadêmicos e da diversidade de alunos encontrados no IFSULDEMINAS, a coordenadora de área do Pibid/biologia, Juliana Cristina dos Santos, propôs aos pibidianos uma ação intervencionista com o tema “INCLUSÃO”. Esta ocorreu durante o primeiro e segundo semestre do ano letivo de 2023. Primeiramente foi preparada uma pesquisa, que compôs um portfólio, contendo um conjunto de questões fundamentais acerca dos transtornos e deficiências, nos quais foram os objetos de estudo deste trabalho. Nesta etapa, os acadêmicos de licenciatura fizeram entrevistas e contaram com o apoio do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), alunos e egressos que quiseram participar da pesquisa. Os dados foram coletados e um conjunto de ações foi realizado para ser apresentado na 2ª Feira de Educação, Ciência e Tecnologia, do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Campus Muzambinho (2ª Fect/Muz), ocorrida no dia 30 de junho de 2023.
Um dos trabalhos realizados, intitulou-se “MÃO EM AÇÃO: Aprendendo sobre Libras e Inclusão”. O objetivo deste projeto de pesquisa foi investigar os desafios e as possibilidades de inclusão e melhoria da qualidade de vida dos discentes do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho com deficiência física, auditiva e visual. A deficiência pode ter um impacto significativo na vida das pessoas, limitando sua participação social, acesso à educação, serviços e oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Assim, durante a condução da feira foram levados três cartazes informativos para transmitir de forma clara alguns conceitos e informações relevantes da inclusão na educação, que abordaram diferentes aspectos desse tema tão importante, como: O que é inclusão? Como ocorre o processo de inclusão no IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho? Qual a diferença entre professor AEE e professor de apoio? O que é Libras?, etc. Cada cartaz foi cuidadosamente elaborado e trazia informações relevantes, além de recursos visuais atrativos para cativar a atenção do público (Figura 1). Ao final da apresentação duas integrantes do grupo que possuíam mais experiências com Libras e o intérprete Juliano Strabeli ensinaram algumas letras, palavras e frases para os visitantes da feira. Podemos enfatizar que recebemos a visitação da APAE durante o evento e um visitante se comunicava através da língua de sinais, e foi muito significativa para os pibidianos essa comunicação.
Figura 1. Apresentação do Pibid/biologia na 2ª Feira de Educação, Ciência e Tecnologia - Fect/2023. Muzambinho, Brasil
Outro trabalho realizado durante a feira foi “UM OLHAR PROFUNDO SOBRE A LUZ DOS SENTIDOS: Usando o conhecimento para erradicar o preconceito” e apresentou como objetivo preparar o licenciando para lidar com as adversidades dentro de sala de aula e fazer com que garanta o ensino e aprendizagem de todos os discentes, como também garantir a conscientização inerente à inclusão social e respeito ao próximo. Durante a feira de Ciência foi montada uma tenda com um cordão de girassóis, simbolizando aquelas doenças não visuais. Esta tenda foi espacialmente dividida ao meio, com cada metade responsável por abordar um transtorno. Cada metade também possuía uma atividade específica para atração da atenção e interação dos participantes. Para introdução dos visitantes nas atividades, realizamos perguntas ao público com a finalidade de identificação da noção prévia deste público-alvo quanto aos seus respectivos conhecimentos acerca dos transtornos, tais como:
• Qual é a diferença entre transtorno e doença?
• O que é o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)?
• O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
• Quais são as possíveis causas e sinais clínicos desses transtornos?
• Quais os desafios dessas pessoas com necessidades específicas na sociedade e no ambiente escolar?
Em seguida, foi explicado aos participantes as perguntas de forma simples e objetiva. Posteriormente, os participantes foram direcionados às atividades previamente elaboradas e a eles eram apresentadas a “caixa de sensações”. Esta, por sua vez, continha alguns objetos como, por exemplo, palha de aço, escova de lavar roupas, algodões, bucha de lavar as louças, dentre outros. Para a percepção dos sentidos, em relação ao TEA, focou-se mais no tato, uma vez que este sentido é mais aguçado e desenvolvido. Dessa forma, idealizamos o estímulo, no público-alvo, do aprendizado multissensorial, o desenvolvimento sensorial, a concentração e a imaginação – mimetizando tais habilidades aguçadas em indivíduos dentro do espectro autista.
Em contrapartida, na atividade referente ao TDAH foi utilizado um recurso audiovisual, um vídeo de uma pessoa realizando atividades cotidianas, oportunizando o público a compreensão do funcionamento da mente de uma pessoa diagnosticada com TDAH (Figura 2).
Figura 2. Apresentação do Pibid/biologia na 2ª Feira de Educação, Ciência e Tecnologia - Fect/2023. Muzambinho, Brasil.
O terceiro trabalho apresentado foi “UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DAS PESSOAS DEFICIENTES: Promovendo Inclusão através de um Jogo Didático-Pedagógico” (Figura 3). Este trabalho investigou as trajetórias de pessoas com deficiência nas civilizações antigas, através desse trabalho pode-se evidenciar e reconhecer todo o processo de lutas, as adversidades enfrentadas e os avanços alcançados na busca por inclusão e igualdade até os dias atuais. Ao explorar a história das pessoas com deficiência e os desafios que enfrentaram ao longo do tempo. O objetivo foi oferecer uma experiência educativa e impactante durante a feira de ciências, transmitindo uma mensagem de respeito, empatia e igualdade para todos. Nesta atividade foram confeccionadas 20 (vinte) cartas ao total, sendo que dessas, 10 possuíam retratos de figuras humanas de grande expressividade cultural, e as 10 restantes, apresentavam os nomes e detalhes sobre as deficiências dessas pessoas da história, internacionalmente conhecidas. Eram elas, a saber: Hefesto (Deus grego do fogo), Malala Yousafzai (ativista paquistanesa), Júlio César (ex-ditador romano), Stephen Hawking (físico teórico britânico); Frida Kahlo (pintora mexicana); Ludwig van Beethoven (compositor germânico), Vincent van Gogh (pintor neerlandês); Galileu Galilei (astrônomo florentino); Maria da Penha (ativista brasileira) e Homero (poeta jônio). A aplicação do jogo foi simples e objetiva, e os participantes gostaram da interação e descobertas.
Figura 3. Apresentação do Pibid/biologia na 2ª Feira de Educação, Ciência e Tecnologia - Fect/2023. Muzambinho, Brasil.
A 2ª feira de Ciências, Educação e Tecnologia contou com a participação de mais de 800 pessoas, e foi uma feira inclusiva, com a visitação de sete escola de educação básica e a APAE de Muzambinho. Após a apresentação da Feira, os pibidianos fizeram um planejamento para apresentar aulas inclusivas aos alunos do Ensino Médio Técnico em Agropecuária e Informática. As aulas ocorreram principalmente no mês de setembro, e segundo a coordenadora de área, professora Juliana, vale ressaltar que no dia 21 de setembro é o dia Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, uma data que marca a construção de mobilizações para a Inclusão Social de Pessoas com Deficiência, conscientização da luta anti-capacitista e celebração destes movimentos.
Diante dessa perspectiva, os pibidianos trabalharam aulas nas mais diferentes temáticas, levando em consideração o processo de inclusão, como por exemplo, o conteúdo “células”. Esta aula apresentou como objetivo explicar a organização básica das células e seu papel como unidade estrutural e funcional dos seres vivos. Os principais tipos de células, suas diferenças e semelhanças. Esta aula foi dada de maneira inclusiva, utilizando recursos com a utilização de maquetes de células animal e vegetal em “3D” (Figura 4), para que pudessem ver e sentir a textura das organelas no interior das células. Além disso, foram utilizadas cartas visuais ABA (Applied Behavior Analysis), que significa em português, Análise do Comportamento Aplicada, para a explicação dos conteúdos. Essas cartas apresentaram figuras e nomes das estruturas das células, figuras e nomenclaturas dos tipos de células. Após a aula foi realizado um “bingo de células” com as imagens utilizadas nas cartas para a fixação do conteúdo (Figura 5).
Figura 4. Células vegetal e animal, em 3D, utilizadas na aplicação da aula sobre “Células” para a turma do Ensino Médio Técnico em Agropecuária do Ifsuldeminas, Campus Muzambinho, Minas Gerais, Brasil.
Figura 5. Aula sobre “Células” para a turma do Ensino Médio Técnico em Agropecuária do IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho, Minas Gerais, Brasil
Outra aula que podemos citar é sobre a temática “Angiosperma e Gimnosperma”. O objetivo da aula é que os alunos fossem capazes de identificar as características morfológicas gerais das plantas angiospermas e gimnospermas; diferenciar as monocotiledôneas das eudicotiledôneas. Na aula foram utilizados exemplares coletados de folhas, flores, raízes e sistema reprodutor masculino e feminino para ilustrar e para que os alunos pudessem utilizar os sentidos na percepção das estruturas estudadas.
No final da aula foi realizado um jogo inspirado no “Cara a Cara”, onde os alunos tentaram adivinhar o termo presente em uma carta colada em sua testa, alguns dos principais objetivos da dinâmica foi realizar uma verificação individual do aprendizado do aluno e proporcionar motivação no estudo do tema. O jogo foi adaptado para alunos com deficiência, por exemplo, no aumento da fonte utilizada na carta (Figura6).
Figura 6. Aula sobre Angiospermas e Gimnospermas apresentada ao Segundo ano do Ensino Médio Técnico em Informática do IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho, Muzambinho, Brasil.
Além destes, outros temas foram trabalhados em sala de aula de forma inclusiva, tais como Reino Fungi, aula adaptada para a inclusão de deficientes auditivos e aula sobre “Sistema digestório”, conteúdo será adaptado para alunos que podem possuir o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou o transtorno do déficit de atenção (TDA). Com isso, o conteúdo será abordado através de materiais visuais, como por exemplo, modelos didáticos.
Segundo a coordenadora de área do Pibid, "espera-se que este projeto de inclusão contribua para um maior conhecimento da comunidade sobre as deficiências e transtornos e auxilie na busca de políticas e ações efetivas de inclusão, principalmente no Campus Muzambinho, proporcionando melhores condições de vida para pessoas com deficiência. Além disso, com a execução deste projeto buscou-se sensibilizar a sociedade sobre as necessidades e potenciais dessas pessoas, promovendo a igualdade de oportunidades educacionais e o respeito à diversidade".
Atualmente a equipe do Pibid é formada por 21 acadêmicos do curso de licenciatura, a coordenadora de área do programa, Juliana Cristina dos Santos e dois supervisores da escola parceira IFSULDEMINAS, Usha Vashist e Ramon de Freitas Santos e uma supervisora da Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida, Camila Simões Côrrea, respectivamente (Figura 7).
Figura 7. Parte dos integrantes da Equipe Pibid/Biologia do IFSULDEMINAS, campus Muzambinho, Edição 2022/2024.
Texto: Juliana Cristina dos Santos
Fotos: cedidas pela professora Juliana Cristina dos Santos
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