Professor Pedini relembra fatos sobre a criação do IFSULDEMINAS
O IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho ao longo de sua trajetória passou por denominações diferentes, mas sempre manteve suas particularidades. A última e maior modificação foi com o surgimento dos Institutos Federais. A Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho se juntou com as Escolas de Machado e Inconfidentes para formarem o IFSULDEMINAS.
Este importante capítulo da história da nossa Instituição será contado pelo professor Sérgio Pedini. Antes de iniciarmos o assunto sobre a criação dos Institutos Federais, vamos conhecer o nosso convidado. Filho do italiano Settimio Pedini e da portuguesa Ana Maria Branco Pedini, Pedini - como é chamado, nasceu em São Paulo. O professor é casado com Ana Lúcia Silvestre, servidora pública do IFSULDEMINAS, pai de três filhos, Jorge Henrique, Iris e Paula e já conta com dois netos, Jorge e Lhays, na família.
O professor lotado no Campus Machado iniciou suas atividades como docente da Escola Agrotécnica Federal de Machado no ano de 1999, como professor substituto e, em 2003, como efetivo. A sua vivência durante a transição de Escola Agrotécnica para Instituto Federal será o destaque da reportagem especial.
Pedini conta que teve a chance de expor como a mudança aconteceu e que algumas pessoas o incentivam a escrever sobre o assunto, assim, o conteúdo ficaria registrado. O Diretor-Geral do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, professor Renato Aparecido de Souza, ouviu o relato do professor Pedini em Lavras e o convidou para participar do Especial 70 anos do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho. Ele por sua vez, gentilmente concedeu uma entrevista que sintetiza sua visão sobre a instauração do IFSULDEMINAS.
Na opinião dele, a expansão das Escolas Agrotécnicas pelo país era “lenta”, com a implantação de 140 unidades ao longo de quase 100 anos, antes do primeiro governo petista. Atualmente são 679 campi de Institutos Federais e, essa parte do enredo começou a ser escrita no ano de 2008. Mas vamos voltar um pouco no tempo… as Escolas Agrotécnicas para crescerem, de acordo com o professor Pedini, teriam que se tornar CEFET’s - Centros Federais de Educação Tecnológica, para, inclusive, poderem ofertar cursos superiores. “Mas era um processo bastante difícil, que eu ouvi de relatos, inclusive, que dependia de apoio político, não era um processo eminentemente técnico. Então, era muito difícil.”
O professor Pedini explica que durante o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de uma portaria, o Ministro da Educação à época regulamenta e moderniza os CEFETs. Até este momento, as Escolas Agrotécnicas não podiam ofertar cursos superiores, já o CEFET, ofertava. O Conselho Nacional de Educação (CNE) analisa e decide que as Escolas Agrotécnicas podem ofertar, em caráter experimental, cursos superiores de tecnologia (os tecnólogos). Mas teriam que conseguir por conta própria, pois orçamento, cargos e funções não seriam liberados para que tal ação fosse concretizada.
Ele explica: “O que a gente ouvia era que havia uma tentativa de mudar esse padrão de pressão política para criar um CEFET, dizendo assim: ‘Olha, me mostre que você tem condições, vontade e competência para virar, naquele momento, CEFET’.”
Das 36 Escolas Agrotécnicas que existiam na época, apenas 13 aceitaram o desafio de criar esses cursos superiores, entre elas, Muzambinho, Machado e Inconfidentes. Em 2005, a Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho criou o Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura. Após essa ação, foi dado início ao processo para que as Escolas se tornassem CEFETs. As três Escolas montaram as suas equipes, a articulação era individual, e chegaram a realizar reuniões em conjunto. “Era um processo que demandou um tempo enorme, um trabalho enorme, porque era, de certa forma, seguir os roteiros do MEC para a transformação de CEFETs técnicos. Ter uma pesquisa enorme, os levantamentos de estrutura. [...] As três unidades receberam a visita do inspetor do MEC.”
Pedini contextualiza que na época existiam o Conselho das Escolas Agrotécnicas Federais (Coneaf) e o Conselho Nacional dos Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Concefet) e que toda a discussão sobre a transformação institucional aconteceu apenas no Concefet. “Então, assim, a gente fez todo um esforço para virar CEFET. E na verdade, a gente nunca viraria CEFET”. Mas, segundo o professor, esse esforço na oferta dos tecnólogos e na organização das escolas em buscar a “cefetização” foi preponderante para nos qualificarmos a nos transformar no IFSULDEMINAS.
Para que surgisse o IFSULDEMINAS, houve uma grande e longa negociação com o MEC, pois o objetivo do Ministério era que as Escolas de Muzambinho, Machado e Inconfidentes fossem ligadas aos Campi que formariam, mais tarde o IFMG, com Reitoria na cidade de Belo Horizonte. Pedini comenta que seria algo bastante complexo, afinal a distância entre as cidades e a capital é considerável. O MEC acaba percebendo as diferenças regionais e cria cinco Institutos Federais em Minas Gerais.
A Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Nesta data nasce o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, mediante integração das Escolas Agrotécnicas Federais de Inconfidentes, Machado e Muzambinho.
Pedini relembra que o IFSULDEMINAS foi o menor Instituto da Rede e atualmente está acima da média em todos os indicadores. Ele destaca a vontade interna dos envolvidos em buscar um crescimento constante e dá como exemplo o número de pós-graduações ofertadas no momento, 29 no total, o maior número na Rede Federal.
Em sua entrevista, Pedini comenta que ouviu do professor Rômulo e do professor Luiz Carlos as dificuldades enfrentadas para que aceitassem que a Escola Agrotécnica se tornasse um Campus de um Instituto. Isso ocorreu também em Machado e Inconfidentes. O pensamento da época era de perder a autarquia (sinal de autonomia) conquistada no ano de 1993, de aderir a uma proposta do MEC que havia sido negociada por outro conselho, no caso o Concefet, e contar com uma Reitoria. Mesmo diante de todas as dúvidas, as Escolas apostaram na proposta e surgiu o IFSULDEMINAS, com Reitoria em Pouso Alegre e com campi em Muzambinho, Machado e Inconfidentes.
O Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Getúlio Marques Ferreira, definiu alguns critérios e procedimentos para a estruturação da primeira gestão dos Institutos Federais. A escolha do primeiro Reitor, por exemplo, deveria ser definida pelos diretores dos Campi. O professor Rômulo foi o primeiro Reitor do IFSULDEMINAS. Pedini destaca que, na ocasião, houve um acordo sobre como se daria a escolha dos servidores que ocupariam os cargos das Pró-Reitorias. O Campus Muzambinho por ter o Reitor poderia escolher um Pró-Reitor e Inconfidentes escolheria dois Pró-Reitores e Machado também podia escolher dois. As escolhas seriam aceitas, de comum acordo pelo Reitor.
Pedini aponta um diferencial que demonstrou o esforço do IFSULDEMINAS. Grande parte dos Institutos Federais foram constituídos com pelo menos um CEFET e isso dava respaldo para o entendimento do funcionamento dos cursos superiores, por exemplo. Na opinião dele, tanto o professor Rômulo como ele próprio, que se tornou o segundo Reitor (eleito) do IFSULDEMINAS, tiveram uma grande dificuldade para estabelecerem as diretrizes de funcionamento da Instituição, pois praticamente tudo começou do zero.
O professor ressalta orgulhoso o quão longe o IFSULDEMINAS tem chegado e comenta, por exemplo, sobre a execução de projetos de pesquisa e extensão, indo além do ensino, ou seja, cumprindo com seu papel. Ele aponta também que novos desafios irão surgir e o atual, é a baixa procura por qualificação, mas que todos terão que ser criativos para solucionar a situação.
A entrevista com o professor Pedini demonstra o potencial do IFSULDEMINAS, que começou com três Campi (Machado, Muzambinho e Inconfidentes), a Reitoria em Pouso Alegre e atualmente conta com os Campi de Passos, Poços de Caldas, Pouso Alegre e Campi Avançados em Carmo de Minas e Três Corações.
Como o nosso entrevistado atuou como Reitor do IFSULDEMINAS, ele pôde ter um olhar sobre o Campus Muzambinho em uma perspectiva diferente. E deixou uma mensagem pelos 70 anos da Instituição. Ele diz que o Campus Muzambinho se destaca pelo seu constante crescimento e busca constante de alternativas para ampliar sua oferta de cursos. Essa característica de coesão interna, mesmo que não seja unânime, faz com que as possibilidades se tornem realidade. “Espero que continue para sempre!”.
A nossa Missão é: "Promover a excelência na oferta da educação profissional e tecnológica em todos os níveis, formando cidadãos críticos, criativos, competentes e humanistas, articulando ensino, pesquisa e extensão e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Sul de Minas Gerais."
Texto: ASCOM - Campus Muzambinho
Fotos: ASCOM - Campus Muzambinho e acervo do IFSULDEMINAS
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