Iniciativa do Campus Muzambinho reforça o alerta sobre a necessidade de combate a hanseníase
O crescente número de casos de hanseníase no Brasil tem colocado as Secretarias de saúde em estado de alerta para prevenção com treinamentos específicos para seus enfermeiros, médicos e demais integrantes das equipes de saúde.
O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), reforça a importância do diagnóstico precoce e do tratamento que, assim que iniciado, põe fim à transmissão. Ambos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado.
Através de uma parceria entre o IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, a Universidade Estadual de São Paulo - USP e a Prefeitura da cidade de Muzambinho, as equipes de saúde estão recebendo atualizações, treinamentos e todo suporte necessário para prevenção e combate à doença.
A iniciativa ocorre através da coleta de dados e da divulgação de informações à toda comunidade. Após responder a um questionário de suspeição de hanseníase, realiza-se a avaliação e também uma consulta. Em caso de resultado positivo será ofertado o tratamento adequado para o caso.
Na cidade de Muzambinho, aproximadamente 5 mil pessoas foram entrevistadas e estão em avaliação 98 pacientes identificados através da busca ativa de casos de hanseníase.
Importância da iniciativa no cenário atual
No IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, o coordenador da iniciativa é o docente Fabricio dos Santos Ritá que destaca que "o projeto de Educação em Saúde contra a Hanseníase tem como objetivo principal capacitar os profissionais de saúde para receberem os pacientes que apresentam sinais e sintomas sugestivos da doença. Atualmente o Brasil é o segundo país do ranking dos países com mais casos novos de hanseníase no mundo e a doença vem crescendo ano após ano. No ano de 2023 tivemos 19.000 casos novos, representando 5% em relação ao ano de 2022. Esses números mostram que não é uma doença que está erradicada, que pelo contrário está ativa na comunidade."
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), “Nos últimos três anos, foram diagnosticados em Minas Gerais uma média de 1.339 novos casos da hanseníase por ano, o que demonstra que há transmissão ativa da doença no estado”. Sendo 866 somente na Microrregião do sul de Minas Gerais.
O jornalista João Daniel Alves da EPTV, esteve em nosso Campus para divulgar a iniciativa e, em suas entrevistas, deu destaque a necessidade de difusão das informações sobre a doença na garantia de um diagnóstico ágil. Clique e confira a reportagem.
O Professor Júlio César Gonçalves foi um dos entrevistados e disse que a iniciativa atende a umas demanda que ele nem sabia que existia. De acordo com Júlio, a hanseníase é uma doença tão antiga que acreditava-se que havia sido erradicada. No entanto a doença segue em nossa região e a iniciativa ajudará não somente no tratamento e diagnóstico, como na prevenção.
A parceria
De acordo com Fabrício, o crescente número de casos foi o motivo de execução da iniciativa. "Por isso firmamos um compromisso entre a USP, através do Professor Marco Andrey, que também é Presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, o IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho e a Prefeitura Municipal, treinando e capacitando os agentes comunitários de saúde, médicos e enfermeiros, como forma de instrumentalizar a atenção primária para estar apta a receber os potenciais pacientes".
O coordenador citou que este é "um projeto pioneiro que faz a busca ativa da doença e contribui para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável com educação de qualidade, promoção da saúde e parcerias".
Transmissão e cura
A transmissão ocorre após um longo tempo de exposição e convívio com pessoas infectadas pela bactéria Mycobacterium leprae em estado ativo. A hanseníase é transmitida por meio das vias respiratórias (fala, tosse ou espirro) e atinge a pele e os nervos periféricos como os das mãos e pés, causando a perda de sensibilidade da pele. Se não for tratada, pode evoluir para o comprometimento severo dos movimentos dos membros.
A doença tem cura e conta com tratamento gratuito através do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar do tratamento ter duração estimada em 1 ano, após a primeira dose da medicação, não há mais risco de transmissão, podendo o paciente conviver em meio à sociedade.
Segundo Fabrício, a doença é negligenciada pois não recebe a devida atenção, podendo causar a incapacidade das pessoas e ter transmissão intradomiciliar. Assim, quanto mais cedo for diagnosticada a doença, mais oportuno será o tratamento e também a contenção da transmissão.
TEXTO: Tatiana de Carvalho Duarte
IMAGENS E INFOGRÁFICO: Karen Vaz
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