Recepção do servidor Marcos Navarro Miliozzi
Para muitas pessoas como eu, o exercício mental de olhar para trás pode levar a encontrar momentos pendulares ao longo do tempo entre a alegria e a tristeza. Para mim tristeza é enterrar um ser vivo que aprendemos a amar muito e perdemos para morte. Para um homem de sessenta e sete anos em minha existência aprendi a conviver com a saudades. Casado com a professora de educação física Luciana Benjamim desde 1991, tivemos duas filhas Luma Benjamim Miliozzi e Malu Benjamim Miliozzi. Os nomes foram escolhidos pela junção dos nomes dos pais. Luma 31 anos é formada em educação física por esta Instituição e atualmente mora em Pouso Alegre e trabalha como professora concursada neste município e a Malu 22 anos empresária e estudante a distância do curso de Publicidade, Propaganda e Marketing atualmente no terceiro ano.
Nasci no dia 21 de janeiro de 1957, em São Paulo, capital, no hospital Sorocabana, situado no bairro da Lapa. Filho de Odinéa Navarro Miliozzi e Pedro Miliozzi. Primogênito, de uma família com três irmãos, pela ordem: Marisa, Marcelo e Marlene. Meus avós tanto paternos (Syryano Miliozzi e Maria da Silva Miliozzi) e os maternos (Odilon Navarro – faleceu poucos dias antes do casamento da minha mãe; e Izabel Rondinelli Navarro) este trio de amor me acompanharam em todo meu processo de crescimento e desenvolvimento e dificuldades que criava para a família inteira.
Na relação da família, da escola e da igreja eu gostava de ficar em casa e detestava a escola e a igreja. Na escola levei todas as surras que os meninos maiores covardemente me deram, mas brigaria até a morte pelos princípios com os quais fui educado. Os homens da minha família por parte de pai, meu avô e meu tio Ulysses único irmão do meu pai, acreditavam que as mulheres representavam a manifesta do divino e que deveriam ser sempre consultadas e protegidas, afinal diziam eles a vida delas vale o dobro da sua e você deve protege-las mesmo que lhe custe a vida e se você se acovardar, nem volte mais para esta casa.
Por esta base já podemos imaginar que eu ficava em estado de vigilância em relação a minhas irmãs e primas enfim as mulheres da família. Foi difícil no começo, não tolerava indelicadezas e obscenidades. Devo relatar um episódio em sala de aula que culminou com agressão. Eu agredi, confesso. Fui transferido para uma outra escola que a turma era somente masculina de adolescentes já de barbados, mas repetentes metidos a valentões, mas todos tinham um certo medo do Igor.
Eu estava com 12 anos e este menino Igor com 15 anos. Foi quando fiquei sabendo que a professora Mara de biologia também ministrava aulas nesta nova escola e fiquei me lembro muito feliz porque além de ser minha professora era minha amiga e jogávamos xadrez, tênis de mesa, nadar e andar de bicicleta enfim, éramos sócios do mesmo clube Palmeira. Pois bem, na minha primeira aula com ela depois de me apresentar como parceiro nos esportes iniciou apresentando o que estudaríamos naquela aula.
A professora, passou um exercício sobre divisão celular e eu tinha receio de errar e prestava muita atenção na construção das respostas quando percebi a cena que desencadeou a lamentável atitude intempestiva que tomei. Esse Igor estava com um espelho olhando por baixo da saia da professora Mara. Foi o estopim para plantar lhe a mão na cabeça ele levantou me pegou pelo cabelo e me jogou na parede, não me machuquei e voltei com tudo para cima me agarrei com ele e desferi uma mordida que por sorte dele pegou no sinto senão teria arrancado um bom naco e acho que até comeria naquele momento.
Os meninos conseguiram apartar e fomos para a diretoria a qual meu pai era secretário. Conversa difícil, pois, tinha vergonha de dizer o que ele estava fazendo para levar um tapa na cara, as testemunhas todas foram a favor do Igor que se beneficiou do meu silencio, mas gritava para ele falar o que ele fez. Não falou e eu só falei para meu avô depois de muito tempo, mas saí também desta escola. E mais terapia e assistência educacional.
Conclui toda o ciclo formal da educação. Envolvido desde o primeiro ano do ensino médio com as questões ecológica mais precisamente desde 1972. O primeiro desconforto neste sentido foi com meu primo mais velho filho do meu tio Lamartine Navarro, irmão mais velho de minha mãe. Lamartine Navarro Júnior um dos criadores do Proálcool na década de setenta, momento em que denunciava a derrubada de florestas para a monocultura da cana de açúcar para produção de combustível. A crise do petróleo e os investimentos nesta possibilidade de produzir combustível brasileiro venceu meus argumentos ecológicos e hoje é uma realidade.
Mas por falta de orientação me enveredei primeiramente pela odontologia desisti depois de seis meses na universidade Metodista de São Bernardo do Campo, depois fui cursar Engenharia Mecânica no Instituto Mauá de Tecnologia em São Caetano do Sul, depois de alguns meses desisti. De volta ao cursinho Ângulo, na rua Tamandaré em SP no bairro da Liberdade, e acabei por ingressar na Faculdade Campos Sales no Bairro da Lapa, cursei até a metade do quarto e último ano e desisti para desespero dos meus pais que bancavam em tudo relacionado aos estudos e na compra de livros.
Por leituras e vivencias com a ecologia e fortemente influenciado pelo livro de Jean-Jacques Rousseau, Emílio ou da Educação foi fazer o Magistério no Colégio Batista Brasileiro no bairro Perdizes em São Paulo e me identifiquei com o curso, fiz os três anos e mais um de especialização em pré-escola. Por este caminho acadêmico fiz vários cursos de alfabetização e fui morar em São José do Rio Pardo em uma chácara alugada próximo do Rio Pardo e na década de oitenta ainda podia nadar. Trabalhei em uma escola de fazenda com uma única sala de aula, com toda a séries de primeira à quarta série. Mas não perdia meu Norte e o foco na alfabetização ecológica. Nesta escola desenvolvemos além dos conteúdos obrigatórios curriculares, fizemos uma horta de plantas alimentícias não convencionais e cultivamos algumas flores para abelhas, borboletas, beija-flores e outros bichos.
Como percebi que os estudantes gostavam mais das aulas de educação física e artes, acabei sendo orientado pelo meu primo professor Luiz Abychabyck a fazer o curso de educação física na Escola Superior de Educação Física de Muzambinho, em 1985 realizai o vestibular e iniciei o curso em 1986 e me formei em 1988. Como estagiário durante o curso trabalhei na Creche, Asilo e APAE de Muzambinho. Formado fui convidado a trabalhar como professor assistente de Ginástica Olímpica e Didática. Assumi como docente efetivo e neste processo lecionei outras disciplinas durante 25 anos, até ser encampada pelo Instituto Federal.
Cabe lembrar que trabalhei como professor de educação física concursado Municipal em Muzambinho e Cabo Verde, após mais um concurso optei por Cabo Verde com dois cargos até aposentar em 2022.
Durante toda esta etapa a educação física ecológica era o norte de minha prática profissional, como ecologista fiz parte da ONG NUPEM (Núcleo Permanente de Estudos Ambientais), criada em 2004 pelo Dr. Otonelson Eduardo Prado, vítima do Covid em 2022. Esta ONG realizava palestras orientando para vida saudável através da qualidade da água, alimentação saudável, descanso seguro e anatomicamente confortável e atividade física. Realizamos a Caminhada Silenciosa pela Água Potável, Caminhada Silenciosa pela Paz, Passeios de Bicicleta no Dia Mundial do Meio Ambiente com plantio de árvores e outros eventos de conscientização ecológica em outros municípios de Minas e São Paulo.
Desde de 2009 trabalhei como docente na Fundação Educacional de Machado no curso de educação física no Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado, (CESEP) até 2018, neste espaço temporal fui Paraninfo, Patrono e Professor Homenageado durante muitos anos.
Trabalhei como professor substituto de 2017 a 2018 no Instituto Federal de Muzambinho lecionando muitas disciplinas como os documentos desta respeitada Instituição pode comprovar. Foi um desafio muito agradável pois neste ambiente encontrei profissionais das mais diversas áreas do conhecimento muito educados e solícitos no sentido de transmitir segurança e conforto no ambiente labora.
Hoje retorno novamente como professor substituto no curso de educação física para contribuir com a formação de profissionais da área da educação física que possam refletir academicamente na consciência ecológica e contribuir com a alfabetização ecológica da população uma vez que estamos no Antropoceno e existe a interferência da poluição por microplásticos, agrotóxicos, inseticidas, e toda alteração climática no organismo humano e suas consequências para saúde geral da pessoa.
Integrar a prática da atividade física como passaporte para a saúde desde que princípios ecológicos sejam respeitados, mantidos e reconstruídos para garantir dignidade para as pessoas conscientes que investem na orientação, prescrição e acompanhamento do profissional de educação física para prescrever com segurança nos múltiplos campos de atuação deste profissional entre eles podemos destacar: Educação, Saúde, Esporte, Lazer, Atividade física na natureza selvagem e hoje o surge um novo campo para a atuação profissional - a educação física médica. Este campo emergente surge através da descoberta de um hormônio chamado Irisina pela Universidade de Havard em 2012. Este hormônio é um hormônio produzido pelo músculo esquelético durante a atividade física.
A Irisina tem vários benefícios, entre os quais: Equilíbrio metabólico, Aumento da sensibilidade à insulina, Diminuição da inflamação, Manutenção da homeostase da glicose, Melhora das funções cognitivas. É neste sentido que estou motivado a lecionar no Instituto Federal de Muzambinho durante o período deste contrato temporal por seis meses e tentar conscientizar os estudantes sobre a relação dialética e sistêmica entre o meio ambiente saudável ecologicamente e o corpo humano que se movimenta intencionalmente para superar ou superar-se orientado pelo profissional qualificado por esta compromissada Instituição com a qualidade de vida da população ludicamente construída através das práticas das atividades físicas.
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